É possível perder dinheiro no Tesouro Direto?

Entenda a marcação a mercado e como ela pode afetar os seus investimentos em renda fixa.

E se eu contar pra vocês que é possível perder dinheiro em aplicações de renda fixa como o Tesouro Direto? Pois é, isso já aconteceu comigo e por isso é preciso saber como funcionam esses mecanismos na prática para não tomar um susto na hora de resgatar esses investimentos. Para isso, será explicado o que é e como atua a marcação a mercado.

Marcação a mercado

O que é?

Primeiramente, pensamos em como funciona uma aplicação em um título de renda fixa. No caso do Tesouro Direto, o governo brasileiro emite um título no valor de, digamos, 100 reais. Ao fazer a aplicação, você compra esse papel dele. Em troca, ele te garante uma rentabilidade de 10% em um ano, por exemplo. Isso nada mais é do que uma promessa de que esse mesmo papel será recomprado por 110 reais pelo emissor daqui a um ano.

Ademais, se você desejar, poderá fazer a venda deste título antecipadamente. Isso existe para fornecer maior segurança aos investidores e garantir a liquidez dos papéis – ou seja, a capacidade de convertê-los em dinheiro. Se a liquidez é diária, quando eu executo a venda, recebo o dinheiro na conta no mesmo dia (D+0) ou no dia seguinte (D+1).

No entanto, aquele valor de 110 reais (fazendo jus a uma rentabilidade de 10%) é garantido apenas no vencimento. Se o investidor quiser liquidar o título antes dessa data, não há uma garantia de qual será o valor de venda.

A marcação a mercado é nada mais do que uma atualização diária dos preços de todos os títulos. Isso significa que um título que eu compro hoje por 100 reais, amanhã pode estar valendo R$100,50, R$101, ou R$99, por exemplo. 

Logo, temos três valores: o de compra (100 reais), o na data de vencimento (110 reais e acordado no momento da compra) e um terceiro, que é atualizado todo dia e me informa quanto eu receberia se eu quisesse me livrar dele naquele momento.

O que influencia nessa variação?

Como vimos, essa revisão diária dos preços pode acontecer tanto para cima, quanto para baixo. O que determina a direção? Na maior parte das vezes, a oferta e procura. Esta é influenciada por expectativas em relação à economia ou a taxa de juros, entre outros.

Por exemplo, se a taxa de juros aumentar, isso significa que o governo provavelmente irá emitir títulos de mesmo grau de risco rendendo um pouco mais: 11%, digamos. A atratividade por aqueles títulos já comprados com rentabilidade de 10% irá diminuir, logo, haverá menor demanda. Esse é um dos casos que a marcação a mercado pode atuar para baixo.

Ou ainda, se o cenário macroeconômico mudar e agora estiver mais otimista, pode ser que os investidores busquem mais os títulos públicos, pelo aumento no grau de confiança no governo ou na moeda. Nessa situação, a procura crescente fará com que os preços sejam atualizados para cima.

Todavia, lembramos que nem todos os títulos sofrem marcação a mercado. Os principais são os títulos públicos. E dentre eles, os mais influenciados são os prefixados, visto que nos pós-fixados, não é determinado um valor fixo para o papel: ele já é esperado a variar de acordo com o seu indexador (no caso do Tesouro, Taxa Selic ou IPCA).

Evitando surpresas

Vale lembrar que, ao segurar a aplicação até o vencimento, você receberá o valor pré-determinado, independente da marcação a mercado dentro do período. Para investidores conservadores, essa é a melhor opção. Como os movimentos macroeconômicos que influenciam essas alterações de preço dizem respeito a um país inteiro de milhões de pessoas, são também difíceis de serem previstos.

Portanto, se alguma vez presenciar uma rentabilidade negativa nesse tipo de aplicação, não se desespere e lembre-se: esse movimento é normal e o prejuízo só acontecerá de fato se o título for vendido antes da data de vencimento.

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